terça-feira, 9 de abril de 2013

HOMENAGEM


PAI ASSISTE A AULAS E AJUDA FILHO COM PARALISIA A SE FORMAR JORNALISTA
FOTO:Marcelo Justo/Folhapress
Todos os dias, durante os últimos quatro anos, o ex-bancário Manuel Condez, 60, dedicou a mesma rotina ao filho Marco Aurélio, 26, que convive com sequelas severas de paralisia cerebral: deu banho, penteou os cabelos, carregou-o no colo até o carro e o levou para a faculdade de jornalismo a 17 km de casa.
JAIRO MARQUES
FOLHA DE SÃO PAULO-COTIDIANO
      O pai assistiu a todas as aulas, anotou as lições dadas pelos professores, auxiliou o filho na feitura das provas escrevendo no papel aquilo que ele lhe soprava, ajudou intermediando pensamentos, foi o motorista do grupo de trabalho e o assessorou em entrevistas e em reportagens. Na semana passada, Marco recebeu o diploma da Universidade São Judas, em São Paulo, e Manuel viveu uma das noites mais emocionantes de sua vida, sendo o grande homenageado. Foi ovacionado pelos formandos e recebeu da direção da faculdade uma placa de honra ao mérito.
"Não fiz nada demais. Qualquer pai que tem amor ao filho também se dedicaria. Era um desejo dele fazer faculdade, e eu só ajudei a realizar", diz Manuel, com os olhos marejados. Marco tem braços, mãos e pernas atrofiados, fala com dificuldade, já foi submetido a 11 cirurgias reparadoras, usa cadeira de rodas e programa especial de computador para ter mais autonomia. Precisa de cuidados específicos para tocar o dia a dia. "O único ponto meu que ainda não foi operado é o cérebro", brinca o jovem, que lida com naturalidade com o estereotipo de que paralisados cerebrais, necessariamente, têm comprometimentos intelectuais.

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